Cada vez mais, o uso de tecnologias digitais vem promovendo
maiores oportunidades de aprendizagem nas instituições de ensino de diferentes
níveis e, nesse sentido, os dispositivos móveis tornam-se um importante recurso
educativo para jovens e adolescentes. Essa geração de “nativos digitais” já
surgiu dominando os dispositivos de tecnologia móvel e, quando estimulados de
forma adequada e com objetivos pedagógicos, são capazes de assumir o
protagonismo no processo de ensino-aprendizagem dentro e fora da sala de aula.
Pelo segundo ano consecutivo, os alunos 8º ano do Colégio Santa
Maria substituíram as tradicionais apostilas impressas por seus smartphones no
estudo do meio pelos bairros do Brás, Bixiga e Barra Funda. Munidos de seus
dispositivos móveis e equipados do aplicativo pensado e desenvolvido pelos
professores, a partir de um software livre (www. fabricadeaplicativos.com.br),
a garotada teve oportunidade de investigar, compreender e refletir sobre os
diversos processos migratórios que contribuem para a formação da identidade
cultural da cidade de São Paulo, coletando e armazenando sons, imagens e
depoimentos ao longo do roteiro proposto pelo estudo do meio.
Além de ambientalmente sustentável, uma vez que foram deixadas de
ser produzidas centenas de apostilas com significativa economia de papel e
tinta, o uso de dispositivo de tecnologia móvel cria uma maior aproximação do
cotidiano de aprendizagem escolar com a realidade do aluno.
Durante o mergulho nos tradicionais bairros paulistanos do Brás,
Bixiga e Barra Funda, os alunos do 8º ano visitaram o Museu da Imigração e
compreenderam a importância do imigrante na construção de nosso identidade e
história. No Bixiga, na Bela Vista, os alunos foram divididos em grupos e se
depararam com importantes marcos da cultura italiana, como a Igreja da
Achiropita e cantinas típicas. Também tiveram oportunidade de colher
depoimentos e pensar sobre os novos fluxos de imigrantes e refugiados acolhidos
pelo CRAI ( Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes) e pelo Instituto
Lygia Jardim, importantes instituições de atendimento especializado a pessoas
estrangeiras em situação de risco e necessidade jurídica.
A Vila Itororó, conjunto arquitetônico construído no início do
século XX e atualmente em processo de restauro, também foi visitada, o que
oportunizou aos nossos alunos o acompanhamento desse processo e a compreensão
da formação da própria cidade, ao mesmo tempo em que foram estimulados a
reconhecer a importância da preservação do patrimônio público e da apropriação
do mesmo pela coletividade. Por fim, o roteiro do estudo do meio levou os
alunos a uma viagem de Metrô até a Barra Funda, onde terminamos nosso processo
investigativo no Memorial da América Latina, um complexo arquitetônico
projetado por Oscar Niemeyer e idealizado por Darcy Ribeiro.
Depois dessa riquíssima experiência vivenciada e da coleta de
dados, imagens, sons e registros pessoais, os alunos, divididos em grupos,
deram início ao trabalho de pós campo. Foram destinadas algumas aulas para a
seleção de imagens, transcrições de depoimentos, produção de textos e
discussões acadêmicas sobre todo o material coletado no campo e, finalmente
reuniram todo este aprendizado em aplicativos para dispositivos móveis
produzidos por eles mesmos que seriam, mais tarde apresentados ao pública na
Semana de Pe. Moreau. Nesse trabalho de pós–campo, os alunos também produziram
e encenaram uma peça teatral sobre os três bairros, Brás , Bexiga e Barra
Funda, abordando seus aspectos culturais e sociais no início do século 20 e agora,
no século 21. Foi um sucesso estrondoso! Esses oitavos anos mostraram muita
sensibilidade no entendimento da obra literária “Brás Bexiga e Barra Funda”, de
Alcântara Machado e no estudo do meio.
Autoria: Haroldo Bueno e
Ariete F. Moreira
0 comentários: